Estagiária 15! SELVA!!!

No ano passado, assim que soubemos que viríamos para Guajará, já fiquei super animada pra participar do EAS feminino (Estágio de Adaptação à Selva). Só tinha um problema, roupa e coturno do meu tamanho... Afinal de contas, o exército não tem soldado anão... Então, entrei em contato com a minha amiga Karen, que é temporária em Campinas, e é mais ou menos do meu tamanho, tirando a cinturinha dela... hehe Ela conseguiu uma farda dela e uma outra de uma amiga. Ufa! Além disso, conseguiu um coturno dela, que calça o mesmo que eu! Eu estava pronta!! Inclusive, obrigada, Karen!!

Chegando aqui, o coronel falou a data que seria realizado o EAS feminino e eu fiquei chateada, pois estava com farda e coturno tudo direitinho, mas estava tudo na minha mudança, que não tinha chegado ainda... Por sorte a mudança chegou a tempo e eu consegui ir equipadinha!

Na semana do EAS, o Guilherme precisou viajar, mas deixou o equipamento todo prontinho pra mim, me ensinou a amarrar a mochila, tudo bonitinho... É gente, é cheio de macetes...

Pois bem, no grande dia, lá estava eu prontinha bem cedinho, junto com todas as outras mulheres...

Eu era a estagiária de número 15!! A numeração era de acordo com a antiguidade do marido.

Pra quem me conhece bem, sabe que, se eu fosse homem, seria um infante... Então, imaginem a felicidade da garota dentro desse camuflado!!

Eu estava me sentindo... Fiz até cara de mau!! Cara que aprendi com o meu marido!!

A primeira atividade de nosso EAS foi um café da manhã caprichado.

Pelo meu sorriso amarelo, devia estar com um pão de queijo na boca... hahaha

Depois disso, assistimos a uma formatura do quartel e o visitamos, para conhecê-lo.

Visitamos várias seções, o local onde a banda ensaia, o refeitório, as companhias, os alojamentos. Assistimos uma palestra do coronel, falando sobre o papel do Batalhão aqui na Amazônia, dentre outras coisas.

Quando passamos pelo rancho (refeitório), tiramos esta 'fotinha'.

Coitado do fotógrafo, Adão, deve ter ficado louco!! Tanta mulher gritando pra ele "Adão!! Tira uma nossa aqui!!" Tadinho...

Tiramos esta outra foto no pátio de formatura. Vejam só quantas mulheres participaram!!! Tinha esposa de coronel, major, capitão, tenente, sargento, sub-tenente, etc. Será que vocês vão me achar?

A próxima foto tem uma história engraçada... Quando eu estudei no Colégio Militar, eu sempre entrava em forma na última fileira, pois era por ordem de altura... Dos maiores para os menores, claro! Eu sempre fui da retaguarda... Nesse dia, a gente entrou em forma, para hastear a bandeira, pela numeração e, quando o coronel arrumou a testa (a primeira fila), eu fiquei nela e nem acreditei!! Eu era a última da esquerda. Pela primeira vez na vida eu seria da testa!! Quando estávamos todas prontas em seus devidos lugares, o coronel mandou ficarmos de frente para a direita... Onde eu fiquei??? NA RETAGURADA!!!!! Olhem aí na foto, eu sou a última bem no canto esquerdo...

Antes de entrarmos no caminhão (ops! Meu marido me corrigiu dizendo que não é caminhão! É viatura!), nos deram uma aulinha básica de ordem unida e eu estava vibrando!!

Olhem só a baixinha aí no meio, marchando toda feliz!! Lembrando que não entrávamos em forma por altura, como é o normal no exército, entrávamos em forma pela nossa numeração.

Finalmente, entramos no caminhão, para irmos pra selva!! E eu, pra variar, toda sorridente! (eu sou a penúltima nessa foto).

Detalhe para o tamanho da mochila... Tirando a necessaire, tinha mais uma farda, para dormir sequinha e limpinha, tinha uma manta, marmita, um malvininho (é uma espécie de japona impermeável, para o caso de chuva forte), mais um par de meias. Só não tinha material de banho, porque disseram que não íamos tomar banho... No final, tinha lugar para o banho, mas eu estava sem material para isso... Vamos pular essa parte meio desagradável da história... rs...

Nossa primeira instrução foi orientação. O tenente nos deu uma explicação, nos dividiu em trios, nos deu uma bússola e uns pontos para encontrarmos no meio da selva. Foi rapidinho, mas achei legal mesmo assim!

Para quem não conseguiu me achar, eu sou a segunda da esquerda para a direita, bem embaixo. Ou então, procurem quem está com os pézinhos pendurados...

Depois, tivemos a instrução de montagem de rede, abrigo, etc. Eu até testei a rede só para sentar... (acho que ninguém dorme numa assim, porque não tem o mosquiteiro)

Reparem que na minha frente tem uma mesinha. Como o instrutor falou, não tem regras para montar o conforto. Vai da criatividade de cada um.

Esta, sim, é a rede de dormir... Com mosquiteiro e tudo. A pessoa entra e fecha com um zíper, para não entrar mosquito nem bicho...

Almoçamos no quartel, depois fomos de viatura (vulgo caminhão... hehe) para um outro lugar, onde acontecem alguns dos campos do quartel. Nosso grupo era bem animado! Contamos bastante músicas e teve até gente que dançou, mas não vou contar, pra não queimar o filme... hahaha

Na parte da tarde, nossa primeira instrução foi sobre água e fogo. As inúmeras formas que temos para conseguí-los na selva. Foi bem interessante!

Depois, tivemos uma instrução de sobrevivência. Fui disposta a experimentar todas as frutas que passassem pra gente e foi o que fiz. Sabe qual foi o resultado? Descobri uma porção de frutas gostosas, que eu nunca quis provar. Por exemplo a fruta do conde, que aqui é conhecida como ata. É uma delícia e eu nunca tive coragem de experimentar.

Além das frutas aqui da região que eu adorei, como a pupunha e o ingá.

Àz vezes, eu me dava mal... hehe

Essa fruta que a Manu (estagiária 14) está segurando, na foto a seguir, é o tal do ingá. Uma delícia! Tem no meu quintal, mas ainda não deu. E a que eu estou mostrando não me lembro o nome, mas brincam que é a maçã da selva. Detalhe que essa, quando passaram, avisaram que estava verde, e até essa eu provei... hahaha Lógico que fiz careta...

Eu sei que eu comi... Bastante... Até que chegou a hora mais temida... A hora de comer tapuru... Aquele bichinho branco do coco... Eu não podia dar pra trás... Estava experimentando de tudo... Até fruta verde... rs... Mas era muito nojento ver aquele bichinho vivo mexendo na cumbuquinha...

Todo mundo fala que é gostoso, que tem gostinho de coco... Deem uma olhadinha na sequência de fotos e vejam se eu gostei...

Primeiro a minha cara de nojo só de olhar a estagiária de baixo com um tapuru na mão...

Depois, pior ainda quando senti aquele bicho na mão...

E, finalmente, comendo... Detalhe para a cara de dó da Manu do meu lado... Ela até me deu um pedaço de pupunha, para comer logo e tirar aquele gosto ruim da boca...

O pior de tudo, vocês não sabem... Eu achei que o Adão só estava filmando e comi outro só pra ele tirar a foto... Por essa foto, dá pra ter certeza que eu comi... Lembram de "Onde está o Wally?" Aqui é "Onde está o tapuru?"

Agora, nunca acreditem quando disserem que é gostoso, que tem gostinho de coco... Mentira!! Não é gostoso nada!!! Um bicho vivo, tipo uma minhoca, dentro da sua boca, que quando você morde ele estoura... Argh!!! Pior que teve gente que gostou... Comeu uns cinco... Ai... só de lembrar daquele bichinho mexendo... Me arrepia...

Esqueci de contar que tive um "acidente" de percurso... O meu coturno descolou a sola e eu estava andando com a sola na mão. Até que uma amiga minha, a Carina, me emprestou um pouco de fita isolante e me ajudou a colar a sola ("pra sempre") no coturno. Ficou ótimo! Eu só não podia tirar o coturno!

Depois da instrução de frutas, tivemos a de bichos... Quem me conhece, sabe como eu sou com bichos, né? Tenho dó de todos... Menos de aranha!!!!

Mesmo assim, eu queria que matassem o coitadinho do coelho, lindo! Eu queria ver como era... Estava ali pra isso, pra ver e provar de tudo... Então o coronel resolveu perguntar para a mulherada quem não queria que matasse o coelho... Juro, eu estava chorando, mas, mesmo assim, não levantei o braço... Eu queria ver... Mas a maioria não quis e não mataram... O coelhinho viveu mais uma semaninha, porque, na semana seguinte foi o EAS masculino e, com certeza, devem ter matado o bichinho...

Bom, não mataram o coelho, mas mataram duas galinhas e a tontona da Lia chorava... Uma hora a galinha se mexeu (depois de morta) e aí que eu chorei mesmo, porque a galinha estava sofrendo... Uma pateta mesmo...

Mas foi interessante ver uma das formas de depenar a galinha assoprando entre a pele e o corpinho dela... Sai tudinho... Só não é um método bom, porque perde-se a gordura da pele dela, que é muito importante pra quem está no meio da selva, sem comida...

Bom, depois desse monte de comida, o que fomos fazer? Jantar, claro! rs... Comemos na marmita, pra sentir como nossos maridos sofrem... hehe

À noite, tivemos uma instrução lá no pé da serra, bem legal! A tal da AVOT, que agora não lembro o que significa...

Ficamos sentadinhas num barranco, assistindo a instrução. Meu pé, apertado dentro do coturno com fita isolante começou a inchar e doer... Mas não reclamei...

Voltando ao acampamento, tivemos instrução de anfíbios e eu até peguei na cobra!!

Ainda bem que não teve aranha... Eu ía ficar no maior dilema, pois ía querer pegar, porque estava participando de tudo, mas não sei se teria coragem...

Não dormimos na rede, dormimos em barracas com beliches. Adivinhem o que apareceu na lona da barraca, bem do meu lado?? Uma aranha!!! Desci correndo da beliche e só voltei quando ela foi morta... Uma novela...

Estava tão abafado lá dentro... Foi bem difícil de dormir, ainda mais por causa do meu pé que não tinha para onde inchar, por causa do coturno que eu não quis tirar. Se eu tirasse, como ía fazer na formatura do dia seguinte? Não sabia se daria tempo de arrumar mais fita isolante... Enfim... Foi duro...

No dia seguinte, como todo bom soldado, madrugamos e fomos para a formatura do quartel. Desta vez não fomos só para assistir, fomos para participar!! Pensem numa pessoa feliz... Agora tripliquem... Depois de tantos anos, voltar a participar de uma formatura... Foi emocionante pra mim...

O Guilherme estava em forma, mas eu não vi, porque, como todo bom soldado, não fiquei olhando para os lados, fiquei imóvel, só seguindo os toques...

Muito bem... Eu já estava emocionada com a situação, pra ajudar, o Guilherme tinha viajado e eu não o via há alguns dias... Até que liberaram para os padrinhos entregarem o certificado e ele chegou do meu lado e gritou SELVA!!! Gente... Só de elmbrar da hora meu olho já enche de lágrimas... rs... Eu comecei a chorar... Pra variar... Sou a maior manteiga derretida...

Depois, desfilamos junto com o batalhão!

E foi assim a minha aventura na selva!!

Se tudo der certo, ano que vem estou lá de novo!! :-)

Ah! Com tantas fotos, não podia faltar o meu certificado...